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24 de Abril de 2024

Associação de Imprensa vira moeda de barganha para pseudopresidente

Atolada em dívidas, processos judiciais e arrastando a pecha de caloteira a Associação Paulista de Imprensa agoniza subjugada aos interesses do advogado Sérgio de Azevedo Redó

Publicado por Edna Santos
há 8 anos

O advogado Sérgio de Azevedo Redó reduziu a Associação Paulista de Imprensa (A. P. I.) a trampolim para a promoção pessoal. Desde que se reelegeu presidente fraudando o estatuto, em 2012, ele usa o prestígio do cargo para se autopromover no universo jurídico e fazer tráfico de influência junto a autoridades políticas a fim de tentar obter favores para si e seus amigos.

Cópias de e-mails a que esta repórter teve acesso denunciam que Sérgio Redó usa o programa de tevê da A. P. I., o Sala de Imprensa, para tentar fazer barganha, inclusive com ministros do governo Dilma Rousseff. Redó acionou Brasília para ingerir no Judiciário de São Paulo. Curiosamente, no Tribunal Regional do Trabalho, onde ele colocou a A. P. I. No banco dos réus.

Redó enviou ofícios a três ex-ministros pedindo-lhes que indicassem a sua amiga, a advogada Ana Martha Ladeira, a uma das duas vagas de desembargador do TRT/ 2ª Região. Em troca, oferecia-lhes espaço no programa de tevê da A. P. I. Para que divulgassem “o seu excelente trabalho à frente dos seus Ministérios”.

Para favorecer a amiga advogada – o nome dela estava na lista tríplice dos candidatos a desembargador do trabalho do TRT/2ª Região –, Redó fez a proposta aos ex-ministros José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social, e Aluísio Mercadante, então ministro chefe da Casa Civil. Eles ocupavam os ministérios quando houve as investidas de Redó.

Os ofícios de aliciamento foram enviados pelo e-mail da A. P. I. E Redó pede pela amiga se apresentando como o presidente da entidade. Apesar dos ex-ministros não terem atendido ao seu pedido – a advogada amiga dele não assumiu a vaga no TRT –, as falcatruas do pseudopresidente surtem o efeito de um tsunami na A. P. I., abalando a sua estrutura, as suas finanças, e principalmente, a sua imagem.

Em prol de si mesmo, Sérgio Redó concedeu um Diploma de Honra ao Mérito ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil por ocasião da Rio+20, no Rio de Janeiro. Questionado sobre qual seria a importância do fato para os associados da A. P. I., o seu diretor de Honrarias e Méritos, Galdino Cocchiaro, alega nunca ter assinado tal diploma.

O desleixo com a A. P. I. É notado por qualquer pessoa que visita a associação. O prédio, localizado no bairro Liberdade, encontra-se em estado deplorável. O elevador não funciona a mais de 10 dias e a sede está sem telefone e sem internet. Redó preferiu não contestar as denúncias, ignorando as mensagens enviadas a ele por whatsapp.

Jornalista Pedro Nastri denuncia crime contra patrimônio cultural

O jornalista e escritor Pedro Nastri denuncia que Sérgio Redó desmontou a biblioteca da A. P. I. E desapareceu com a sua hemeroteca e o seu acervo iconográfico. A hemeroteca era composta de exemplares raros dos jornais Diário da Noite, Correio Paulistano, Farol Paulistano, entre outros publicados na época, e o acervo iconográfico continha dezenas de obras de arte como quadros, retratos e gravuras.

De acordo com Pedro Nastri, o pseudopresidente sumiu com os originais de escritores famosos que pertenciam a biblioteca da A. P. I. E faziam parte do patrimônio histórico cultural do Brasil. Segundo ele, Redó mandou jogar fora os originais de Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e Cásper Libero.

Todos esses escritores que tiveram os seus originais descartados por Redó fizeram parte da Semana de Arte Moderna, a histórica Semana de 22, que ocorreu em São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal. “Redó mandou despejar tudo na caçamba de lixo”, frisa Nastri.

Ele conta que além de deixar a A. P. I. Sem os seus registros históricos, Sérgio Redó sumiu com os móveis do acervo da entidade e destruiu o auditório, de 180 lugares, para dar abrigo a um cursinho preparatório de ENEM, que sequer cumpriu o contrato.

Nastri revela que a A. P. I. Virou ré em inúmeras ações judiciais, civis e trabalhistas – Redó tentou encaixar uma advogada amiga no TRT – acrescentando que a instituição perdeu os títulos de utilidade pública e está mergulhada em dívidas. “Nunca, em toda a história da entidade, houve uma administração tão nefasta quanto está, analisa.

O jornalista afirma categórico que a A. P. I. Está jogada às traças e acha curioso que nomes como Milton Neves, Marcelo Rezende, Celso Russomanno, entre outros, façam parte da diretoria sem se incomodar com as atitudes do presidente impostor e o malefício que elas causam a entidade.

Pedro Nastri defende a realização rápida de novas eleições para formar uma nova diretoria, colocar a instituição em ordem e punir civil e criminalmente os responsáveis pelo sucateamento da A. P. I..

Nastri, que se desligou da direção em 2012 por discordar das tramóias de Redó, está terminando de escrever um livro sobre a trajetória da A. P. I. “A era Redó será a parte mais triste do meu livro”, lamenta o jornalista, que também é que é historiador da cidade de São Paulo.

A. P. I. Criticada em rede social por causa do Sala de Imprensa

O jornalista Pedro Nastri está certo quando diz que Sérgio Redó barganhou o aluguel do 6º andar para a ACESP - Associação dos Canais Comunitários de São Paulo, trocando o valor de locação por um horário na TV Aberta, a fim de alavancar a sua imagem, satisfazendo seu ego, e tendo por convidados seus pares na área do Direito.

De fato, a principal tribuna de autopromoção de Sérgio Redó é o programa de televisão da A. P. I., o Sala de Imprensa. Lá, o pseudopresidente prioriza as entrevistas promocionais com juízes, desembargadores de Justiça, presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo; vereadores, deputados, secretários de Estado.

Além de magistrados e políticos, Redó gosta de entrevistar pessoas da chamada alta sociedade, a exemplo do médico Herbert Gauss Júnior, que em 2007 teve o registro profissional cassado pelo CRM de São Paulo, punição que foi referendada pelo Conselho Federal de Medicina. A entrevista do cirurgião plástico no programa de tevê da A. P. I. Despertou a ira de pessoas que afirmam ter sido mutiladas pelo convidado de Redó.

No vídeo da entrevista, postado no You Tube, o internauta Joaquim Oliveira dispara: “Não entendo porque essa tal associação de imprensa dá apoio a um elemento desse... Conheço muitas histórias escabrosas desse cidadão... Desonestidade de toda sorte e ainda é bajulado... Absurdo total!”

Outro internauta também opina: Lixo! O pior medico do mundo. Coitada de mim que cai na mão desse lixo e estou toda deformada. A pessoa continua: “fujam deste mutilador, já passei por duas intervenções com Herbert Gauss Júnior e não sei qual ficou pior. Ele é um açougueiro de quinta categoria, tome cuidado com a lábia dele”.

Outro entrevistado no Sala de Imprensa é o ex-ministro da previdência Social, Carlos Gabas, condenado por mentir em processo judicial, em 2005. Gabas é um dos três ex-ministros para quem Redó ofereceu nova entrevista no programa depois que ele ingerisse para a advogada Ana Ladeira ocupar a vaga no TRT.

De vez em quando Redó entrevista alguns apresentadores de tevê, dando a impressão de que o programa segue a linha editorial de divulgar assuntos relacionados a comunicação. Mas a maioria dos entrevistados é do universo jurídico.

Empresa de motoboy cobra dívida da A. P. I. 148 vezes

Reza o dito popular que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Deve ser esse o principal incentivo para a empresa Rap 10 Motoboys Ltda. Não desistir de receber R$2.050,00 que a A. P. I. Lhe deve referente a serviços prestados a entidade. O calote se arrasta desde 2013.

Um funcionário da firma conta já enviou 148 mensagens para o e-mail da A. P. I. Cobrando o dinheiro, mas não recebeu sequer uma desculpa para o não pagamento. “Nós enviamos uma média de cinco e-mails por dia e não desistiremos, pois aqui trabalha pais de família que precisam receber”, reclama o funcionário.

Na era Redó a A. P. I. Adquire a fama de caloteira porque todo o dinheiro que entra na conta que a instituição mantém no Banco Itaú é imediatamente sacado pelo pseudopresidente Redó, como foi denunciado na reportagem anterior, “pseudopresidente sucateia Associação Paulista de Imprensa.” Enquanto Redó monopoliza as verbas da instituição, as cartas de cobrança se acumulam na A. P. I.

São dívidas com a Sabesp, que cortou o fornecimento de água a mais de um ano, com a Eletropaulo, com empresas de caminhões pipa, que já não querem mais vender água para a entidade por medo de não receber. Por causa também dos calotes, a credibilidade da A. P. I. Está fragilizada. Porém, o advogado Sérgio Redó se mantém firme no cargo, e tirando o máximo de proveito que ele possa lhe proporcionar.

Associao de Imprensa vira moeda de barganha para pseudopresidente Red

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O pior de tudo é que o advogado e jornalista (sic) Sérgio de Azevedo Redó, ingressou com ação de Indenização por Dano Moral contra nós, argumentando que tais reportagens estariam ferindo sua imagem e reputação, inclusive que o MM Juiz notificasse o Google para a imediata retirada do site do ar:

"...É portanto de condicional direito a defesa intransigente da honra, imagem e dos valores morais e profissionais do Requerente objetivando portanto salvaguardar os interesses do Requerente seja indeferido, o prejuízo será praticamente irreparável, caso não ocorra, perderá e abalará a credibilidade tanto pessoal quanto profissional, vez que milita na área jurídica e participa de programas de televisão, tanto na condição de apresentador, como, na condição de comentarista, que tem como fundamento pessoal a reputação ilibada, afinal o Autor é figura pública. Presente, assim, o caráter da impossibilidade de reversão do prejuízo.
Destarte, levando-se em conta a presença do risco de ineficácia do provimento jurisdicional, bem como a comprovação dos argumentos deduzidos neste mandamus, torna-se imperioso o deferimento da pretendida Antecipação da Tutela Cautelar Antecedente, para fim de suspender e excluir matéria veiculada pelo Blog da “jornalista” Edna Santos, bem como os demais, aqui colacionados.
Para tanto, é necessário notificar a Requerida Edna Santos, para que proceda a exclusão imediata da referida matéria, e mais, retire de todos os sites a qual postou, devendo ainda, providenciar junto a empresa Google, para que proceda também a retirada de seus registros tudo que possa relacionar-se com a referida matéria.
A registro também de postagem nos sites LinkedIn, JusBrasil, JusNoticias, Facebook, devendo ser excluída imediatamente."

Fico aqui pensando: O Sr. Sérgio de Azevedo Redó, como advogado, vai na contramão da própria Constituição, no seu artigo , XI, que assegura "ser livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença e mais, em seu inciso XIV, que garante"a todos o acesso à informação e resguardando o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional".
Por outro lado, como jornalista que diz ser, pois tem registro na esteira da decisão do STF, e como"Presidente"de uma associação quase que centenária que prima pelo interesse dos profissionais de imprensa, e que teve em seus corpo diretivo nomes dos mais expressivos, tais como Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Mennotti Del Picchia, Julio Francfort, Cásper Líbero, Paulo Zinng, entre outros não menos notáveis, bem como pela luta ao direito de informação, o Sr. Redó ignora o artigo 4º do Código de Ética dos jornalistas Federação Nacional dos Jornalistas que deixa claro que o “compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos”. O jornalista deve pautar seu trabalho na precisa apuração dos acontecimentos e na sua correta divulgação.. Já o art. 2º, garante que “o acesso à informação de relevante interesse público é um direito fundamental, os jornalistas não podem admitir que ele seja impedido por nenhum tipo de interesse, razão por que a divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários e/ou diretores ou da natureza econômica de suas empresas”. Agindo assim, o Sr. Sérgio de Azevedo Redó fere um dos princípios básicos da profissão, que é o de não cercear o direito que todo o cidadão tem ao acesso a plena informação.

Pedro Nastri
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